terça-feira, 1 de janeiro de 2013

RISO PASQUALIS




A única coisa que distingue o homem do animal é o riso (PASCAL)



... Também aqui todo o RISO PASQUALIS coincide com o que disse sobre a REPÚBLICA e as LEIS de Platão e Aristóteles, que eram fábulas para os enlouquecidos pela FIXAÇÃO SOCIAL, os obcecados falsificadores de auto-imagens projetadas em sociedade. Para ele, nunca passávamos de náufragos amnésicos em uma ilha desconhecida.



Em contraposição a tudo isso, Soeren Kiekegaard seria um pensador QUE DIZ O QUE VIVE, QUE VIVE O QUE DIZ, em ruptura com os hábitos canonizados pela Universidade e pelas instancias culturais oficiais. ‘’TODA COMUNICAÇÃO DA VERDADE-queixa-se ele –SE TORNOU ABSTRATA. –Assim como tudo que era vivido diretamente se tornou uma representação (DEBORD. –



ESCREVE KIERKEGAARD ‘’O público se tornou a instancia, as folhas se chamam a redação, os professores, a especulação, os pastores são a meditação. Ninguém mais ousa investigar por si mesmo. Como é que a verdade pode ganhar alguma coisa com esse ventriloquismo..? O que William Burroughs chamou de ''esse frio laboratório  em que o mundo e o ser humano nao passam de um experimento térmico submetido a políticas de climatização''.


Uma leitura da ironia no sentido kierkegaardiano é possivel contanto que se inscreva nos limites da obra artísitca, pois só a arte possibilita canalizar a força da ironia conseguindo por em evidencia os contrastes do plenamente natural com o artificialmente social. ASSIM temos que o artista enquanto membro produtivo da sociedade é jogado ao mar de Artaud-le-momo (ou Artaud, o louco).



A cena se passa na interioridade onde se existe como homem, e o concreto consiste na relação que as categorias existenciais mantém umas com as outras: a subnormalidade e a sub-realidade são o tom, o tema e a forma que ele dá ao seu estilo. Essa forma deve ser múltipla, tendo em vista os contrários que mantém reunidos... deste ponto de vista, deve dispor dos domínios poético, ético, dialético e religioso. Mas, como sabe que ‘’a realidade existencial se recusa a ser transmitida’’, pelo fato de sua natureza qualitativa singular (QUÂNTICA), se ‘’deve ser compreendida por um terceiro, deve ser compreendida primeiro como possibilidade e LATÊNCIA’’ –ibid,p.58.(:) A faixa de consciencia liberada que permite o avanço e vem subverter os desvios codificados do significante(...), introduzir-se entre eles, trabalhar sob as condições de identidade de seus elementais fantasmáticos – (em sua aposta no ‘’olho geral y omnisciente’’, ele precisa seguir aumentando gradativamente a tensão do arco) de modo a abrir, como em Paul Klee, esses ‘’entre-mundos’’ que são apenas visíveis para os iniciados e os loucos. Essa 'linha de fuga' é atravessada por eixos e limiares, por latitudes, longitudes, por geodésicos, é atravessado por gradientes que marcam os devires e as passagens, as destinações daquele que ali se desenvolve. AQUI NADA É REPRESENTATIVO, MAS TUDO É VIDA E VIVIDO.



A retirada ao deserto da incompreensibilidade é menos simbólica, menos discursiva e imaterial do que parece e está sustentada por uma convicção cega, uma fé nas capacidades de uma palavra que saque a luz as contradições do ser humana que uma razão autolegitimda e compartimentada não consegue elucidar. Essa função do homem de letras é uma profissãode fé que deve ser levada ao extremo para ter razão de ser, e essa razão de ser é a subversão permanente e dinâmica do espírito através do que  ALBERTO MAGNO (diante da Virgem Maria) definiu como a ''comicidade do cósmico e a cósmicidade do cômico'', deduzido a partir do apotegma medieval de que TUDO QUE SAI DO ABSOLUTO, INCLUSIVE OS ANJOS, É CÔMICO (''existe uma tradição católica que diz que ALBERTO MAGNO  esteve ante a Virgem Maria que se apresentou a ele como SOFiA e que nessa oportunidade teria lhe ensinado que a verdadeira sabedoria sagrada era O DESPREOCUPADO y ESQUECIDO RISO...


É óbvio que as raízes desse ''ESTILO'' fazem do artista enquanto membro da sociedade herdeiro imediato da metafísica nietzscheana,do horizonte visionário de Rimbaud, da exepcionalidade de Alfred Jarry, da marémagma surreal, da subnormalidade e subrealidade de Artaud, da metáfora viral de Burroughs, da provocação lúdica de Oulipo, da nadeza de Manoel de Barros, dos intermináveis prólogos de Macedônio Fernandez enfim, de todo o panorama de CRISE DOS GÊNEROS que se opera na movediça (apocalíptica) mordernidade .




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