terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Inspiração e realidade simbólica


'Segundo Sócrates, o que inspirava uma pessoa era seu daimon ou estado de consciência tutelar; para os poetas da Antiguidade, esta ou aquela musa que, nas palavras de Hesíodo, ''ampliam a mente do homem com conhecimento, e fazem sua língua falar desde os céus''.  Para os primeiros filósofos e os teóricos da medicina dos tempos greco-romanos, a inspiração e a expansão da consciência eram o Pneuma, a alma e a substância indiferenciada do universo. Para Platão e Aristóteles era o Nous, ou a Razão interior. Segundo os estoicos o deus imanente era chamado Logos. O Logos ingressa na cristandade como ''O VERBO'', uma tradução muito pobre e parcial do original, que possui muitos significados. ''No principio era o Verbo...''. Do grego passamos ao latim e á palavra Spiritus, que, como Pneuma, significa 'alento'' e é, como sua etimologia sugere, a ‘’fonte’’ da ''inspiração''. Havia um Spiritus de los dioses, de onde vinha a ''Inspiratio Divina''. Havia um espírito impessoal ou alento de vida (Atman no sânscrito:’’isso é você’’(Upanishades)). Y finalmente, após a Cristandade, estava o ESPÍRITO, a terceira pessoa da Trindade. Mescladas sem coerência nenhuma, essas concepções variadas ((médicas, místicas, filosóficas, teológicas, espirituales) foram utilizadas, ao longo dos séculos, para dar conta de explicar fatos e feitos diretamente originados pela inspiração. Hoje preferimos falar de "'O Inconsciente'' e ''erupções no consciente de matéria sublimar''. As palavras têm uma aura poderosamente científica; mas que expliquem as coisas mais satisfatoriamente que Espírito, Logos, Pneuma e Daimon, é discutível.



Aldous Huxley





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Aqui um homem se considera inspirado sempre pelo Espírito(entheos, sc. hypo tou). (enepneuse phresi daimon)», dice Penélope3. Hesíodo nos diz que As Musas ‘’insuflaram em mim a voz divina (enepneusan de moi auden thespin)….Também Cristo, ‘’através de quem todas as coisas foram feitas, não dá testemunho de si mesmo (não expressa a si mesmo), mas diz ‘’Eu não faço nada por mim mesmo, e sim como me ensinou meu Pai’’



Coomaraswamy



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Não este homem, Fulano, Dante, ou Sócrates, ou nenhum ‘’eu’’, mas a Sindéresis, o Espírito Imanente, Daimon em Sócrates y Platão ‘’que vive em cada um de nós’’ y ‘’não almeja nada que não seja a Verdade’’... ‘’ o Atman ou Espírito Santo, o pneuma grego, o ruh arábico, o ruah hebraico, o Amon egípicio, o ch'í chinês;, , o Brahman, o Deus em sentido geral  de Logos ou Ser.



‘’É Deus mesmo quem fala’’ quando nós não estamos pensando nossos próprios pensamentos.



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NOTAS

11. San Ambrosio sobre I Corintios 12:3, citado en Summa Theologica(external link) I-II.109.1. Nótese que «a quocumque dicatur» contradice la pretensión de que sólo es «revelada» la verdad Cristiana.

12. Ion(external link) 533D-N Para el pasaje sobre la inspiración, ver Ion(external link) 533D-536D-N La doctrina Platónica sobre la inspiración no es «mecánica» sino «dinámica»; en una teología posterior, devino una cuestión de debate en cual de estas dos maneras el Espíritu mueve al intérprete.

13. Ion(external link) 533E, 534B. gignomai se usa aquí en el sentido radical de «entrar en un nuevo estado de ser». Cf. Fedro(external link) 279B, kalo genesthai tandothen, es decir, 14. Ion(external link) 534B.) 719C; y Maitri Upanishad VI.34.7, «



 (hen ainigmati, I Corintios 13:12). Devido a que a advinhação (gnose) é de uma Verdade que não se pode ver diretamente pelos demais (sánscrito, sakshat ) (con las faculdades humanas), el decidor de la verdad debe hablar en símbolos (sejam verbais ou visuais), que são reflexos da Verdade; é nossa tarefa compreender e usar os símbolos como suportes de contemplação e com vistas a uma ‘’recordação’’ toda especial de uma outra velocidade de conscientização.



Post Scriptum

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Neste estado, que tbm se designa ás vezes sob o nome de samprasâda ‘’outra velocidade’’ no vedantismo e segunda atenção na escola nagualista por Castaneda (Brihad-Âranyaka Upanishad, 4º Adhyâya, 3er Brâhmana, shruti 15; también Brahma-Sûtras, 1er Adhyâya, 3er Pâda, sûtra 8. — Ver también lo que diremos más adelante sobre la significación de la palabra Nirvâna e a simbologia dos olhos de Soma do conhecedor do campo no Rg Veda Samhita.), a luz inteligível é apreendida diretamente, o que constitui a intuição intelectual (Buddhi) e já não por simples reflexão através da mente (‘’manas’’) como nos estados individuais.



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Post scriptum



O autor que escreve sob o ditado da inspiração divina concebe ás vezes coisas que não têm relação com a matéria daquele capítulo que está tratando e que aos ouvidos do leitor(a) pode soar como interposição de tema incoerente, ainda que para quem escreve aquilo pertença em última instancia á essência mesma do que foi feito, apenas que sob um aspecto hieroglífico que os demais ignoram.  Sabe que a elaboração dos capítulos das Fotûhât não é o resultado de uma livre eleição por minha parte nem de uma deliberação reflexiva. Na verdade, Deus vem me ditando pela visão espiritual tudo que tenho escrito, e é por isto que entre duas ideias insiro outra que não tem nenhuma conexão com a que lhe precede nem com a que lhe segue.



Ibn ‘Arabî, Las revelaciones de la Meca



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Post Scriptum



Schneider recolhe um profundíssimo tema simbólico, ao dizer que ‘’fazer poesias equívocas e saltar entre as linhas é matar a distância entre dois elementos lógicos ou espaciais e pôr sob o jugo comum da consciência dois elementos distantes, naturalmente’’, o que explica o sentido místico da ‘’poesia do presente (ou da sensação)’’, em sua rama derivada de Rimbaud e Reverdy, quem diz: ‘’A imagem é uma criação pura do espírito’’. Não pode nascer de uma comparação, e sim da aproximação de duas realidades mais ou menos distantes. Quanto mais distantes sejam as relações das duas realidades aproximadas, mais forte será a imagem, e possuirá mais potência emotiva e realidade poética (Aquí termina la cita de Reverdy).



Y continúa Cirlot: "Realidade simbólica, na verdade".




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