segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Silêncio profundo e supressão dos sentidos

‘’Só então O verá, quando não possas mais falar Dele; pois o conhecimento Dele é silêncio profundo, e supressão dos sentidos’’

Hermes, «Lib.» X.5



(...)


Este ‘’lado silencioso’’ se identifica com o que se chama de ‘’os olhos prensados de soma’’ no vedantismo, olhos pelos quais o Conhecedor do campo alcança o mundo da Luz. Há uma referência a estes “”Olhos de Soma, olhos de contemplação (dhi)  intelecto (manas) com os quais nós contemplamos o Princípio Supremo’’ (hiranyam, Rg Veda Samhita I.139.2, ou seja, Hiranyagarbham, o Sol, a Verdade, Prajapati, como em Rg Veda Samhita X.121).



A oração bem conhecida do Rg Veda Samhita X.189, dirigida a Rainha (Sarparajm) que é por sua vez tbm a Aurora, a Terra e a Esposa do Sol, se conhece também como o CANTO MENTAL (manasa stotra) devido evidentemente a que, como se explica en Taittiriya Samhita VII.3.1, se «CANTA MENTALMENTE» (manasa6 stuvate), e isto é porque está dentro do poder do intelecto (MANAS) não só abarcar isso (MAM, ou seja: o universo finito) em um único instante mas também transcende-lo, não só contê-lo (paryaptum) mas também envolvê-lo (paribhavitum). E desta maneira, através do que é anunciado previamente verbalmente (vaca) e do que se anuncia depois mentalmente ‘’se possui e se obtém os dois mundos (os dois níveis de consciência)


cambio de velocidad:



Agarrar o Infinito na palma da mão
E a Eternidade num instante."
(William Blake)


Precisamente o mesmo está implícito em Satapatha Brahmana II.1.4.29,  onde se diz que tudo que não se obteve com os ritos precedentes se obtém agora por meio dos versos á SARPARAJNJ recitados, como de regra, mental y silentemente; e assim se obtém o TODO (SARVAM).


ANANDA COOMARASWAMY


(...)


Se compreenderá que Agni e Indra são tanto RESSONÂNCIAS quanto LUZES, e que o ‘’bramido’’ das chamas de Agni é também sua CREPITAÇÃO  ou CANTO. O Sol mesmo CANTA  e isto se encontra expresso no verbo ARC, que significa exatamente CANTAR ou BRILHAR, ou mesmo as duas coisas ao mesmo tempo (VERBUM  ET LUX CONVERTUNTUR)


É desnecessário examinar aqui se USNISA significa PROTUBERÊNCIA CRANEAL ou TURBANTE. Em um e outro caso está indicando que é do alto da cabeça que vem a LUZ. Há um paralelo estreito entre a redação em Jataka VI.376, onde a divindade do parasol real emerge por uma abertura no alto da cabeça (‘’Algumas Palavras Pali’’)


Em algumas representações deste RAGA o cantor está em um reservatório de ‘’água primordial’’ por segurança


o FOGO, vindo a ser tornar FALA, ocupou TODA A  BOCA


agnir vag bhutva mukham pravisat


morando nos seres como a FALA no FALADOR


é certo que todos os PODERES DA ALMA (PRANA) são MEDIDAS DO FOGO DO ESPÍRITO SANTO


a FALA corresponde ao FOGO, a VISÃO ao SOL, etc



ANANDA COOMARASWAMY


(...)


Aqui temos, pois, um “roteiro” sumário da meditação completa. O tema está relacionado sobretudo às etapas finais do Ashtanga Yoga de Patânjali, ou a “Ioga de Oito Partes”, conformada na sua totalidade por:


1) Yamas – Restrições (ética passiva)

2) Nyamas – Prescrições (ética ativa)

3) Asanas - Posturas

4) Pranayamas - Controle consciente da respiração

5) Pratyahara – Abstração

6) Dharana - Concentração

7) Dhyana - Meditação

8)Samady – Identificação, Contemplação


As três útimas fases conformam o Samyama, o tríplice corolário da Yoga de Patânjali, configurando mais propriamente as etapas da meditação. Porém, tanto o Pranayama quanto o Pratyahara, também participam ativamente na meditação, fazendo uma transição e uma preparação para o controle mental. A postura também faz parte disto, embora se trata de uma postura mais ou menos fixa, assim como, é claro, as energias concentradas graças às atitudes éticas.

O Samady final às vezes é associado à iluminação, mas na verdade se trataria aqui antes de uma Identificação, que é a meta da yoga, vista como a busca da Identificação ou yug (raiz da palavra yoga), que significa sugjugar, controlar (a mente), donde a nossa expressão “jugo”. A palavra yoga significa “união” semelhante a religião, do latim religare, “religação”. Assim, a iluminação seria também a meta e a superação da religiosidade, tal como entendida habitualmente de salvação da alma, por exemplo.

Tema sutil e refinado, a iluminação (samadhi, nirvana) costuma ser interpretada e descrita de forma múltipla, existindo também na Yoga e no Budismo, classificações para as sucessivas “etapas da iluminação”.

A rigôr, contudo, a iluminação perfeita vai além da pacificação mental e é um corolário ulterior da yoga, técnica esta definida por Patânjali como yogascittavrttinirodhah, ou seja: "Ioga é a parada das modificações mentais". Não casualmente, quando trata das “técnicas” existentes além da terceira iniciação, Alice A. Bailey quase se reduz a mencionar as “variantes da identificação” (a identificação é, sabidamente, uma das bases da compaixão). A iluminação é o mundo além da mente, embora já use a mente de forma livre e criativa.

O plano búdico ou quaternário é chamado “Mar de Fogo”, um mundo auto-criado de energias divinas, que levou São Paulo a afirmar que “nosso Deus é um fogo consumidor” e Jesus a dizer que “o Pai tem a vida em si mesmo”. Para chegar este plano de glórias eternas, é preciso fazer a preparação do mental superior chamada “a travessia da terra ardente”. Aqui entra a fórmula rosacruz que afirma: “para teres acesso ao FOGO, acende uma chama.”


LAWS

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