terça-feira, 5 de março de 2013

POR HORA


Por hora, devemos ser pacientes com as excentricidades linguísticas daqueles que se vêm obrigados a descrever uma certa ordem de experiência em termos de um sistema de símbolos, cuja pertinência é a fatos de outra ordem completamente distinta.



Aldous Huxley, A filosofía perenne



(...)



A Graça é algo que pertence ao Mistério. Falar dela não serve praticamente de nada; mas serve menos ainda, no entanto, agir como se ela não existisse. Devemos contemplar a Graça como algo real e efetivo. Façamos como o professor Sogol, e consideremos o problema resolvido desde um ótimo princípio (que resumimos assim: a GRAÇA , com suas implicações ontológicas e metafísicas, com sua tecnologia psíquica enigmática, é ALGO REAL, EXISTE),  e a partir desse ponto inicial simples y humilde (cristianíssimo por sinal) seguimos sinfronizando e intertextualizando fraternalmente (através da inter-textualidade fluida e analógica que permite a técnica do recorte) todas as consequências da nossa tomada de posição em favor e em nome de Deus, do Estado de Graça e do Espírito Santo. . .Amém...  e por ese del Espírito Santo agradecemos antecipadamente também á SAMUEL TAYLOR COLERIDGE, outro de seus apóstolos popularizado por Borges e, sobretudo,  por uma teoria e método que este ressuscitou e seus ‘’filhos’’ aproveitaram... desde JOYCE, KAFKA, PROUST, ARTAUD, IONESCO, BORGES, CORTÁZAR, etc. el cofundador de la GOLDEN ...WILLIAM BUTTLER YEATS... chamados por eles de ‘’minuto liberado del tiempo, punto de velamen, hendidura, etc... sempre envolvendo a idéia da abertura de poros, por assim dizer, órficos de apreciação da realidade.



Também devemos recorrer para nosso propósito, tal como parece ser necessa´rio, ao que Keats chamava de ‘CAPACIDADE NEGATIVA’’,  e que tão bem descreve Wladimir Weidlé:



A CAPACIDADE NEGATIVA é o dom de permanecer fiel a uma certeza intuitiva que a razão despreza e que o bom senso não admite; de conservar um modo de pensar que não pode senão parecer insensato e ilógico desde o ponto de vista da razão e da lógica, mas que desde um ponto de vista mais profundo poderia revelar-se superior á razão e transcender a lógica do pensamento conceitual... O artista deve poder contemplar o universo e cada uma de suas partes, não em um estado de diferenciação, de desintegração analítica, e sim mergulhado na unidade primeira do ser... (citado por Cortázar en Imagen de John Keats, Madrid, Santilllana, 1996, p. 110).





 (...)



‘’De alguma maneira, a mim não me ocorre nunca que escreva nenhum livro ou componha poema. Todos os cantos que tenho feito, foram feitos motivados por uma relação com algum evento em particular(...) Os únicos poemas que me vieram espontaneamente e que me impeliram, por assim dizer, a compô-los, sem que nada me apressasse a faze-lo, são os ‘’OITO VERSOS DE ARUNACHALA’’ e os ‘’ONZE VERSOS DE ARUNACHALA’’. No primeiro dia as palavras dos ONZE VERSOS me vieram de repente em uma manhã, e inclusive ia suprimi-los, dizendo: ‘’Que tenho eu a ver com estas palavras?’’, mas não foram devidamente reprimidas até que eu compusesse um canto começando com elas, e todas as palavras fluíram facilmente sem nenhum esforço, naquela ocasião.



 ·

(Bhagaván. De un diario de A. Devaraja Mudaliar, Madrid, Etnos, 1995, trad. de E. Ballesteros)

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9/5/1946





(...)



O ritmo provoca uma expectação, suscita uma ‘’tensão’’. Se se interrompe, sentimos um choque. Algo se perdeu. Se continua, seguimos esperando algo que não se pode nomear. O ritmo engendra em nós uma disposição de ânimo que só poderá acalmar-se quando sobrevenha ‘’algo’’. Nos coloca em atitude de espera. Sentimos que o ritmo é um ir até algo, ainda que não saibamos o que é esse algo. TODO RITMO É SENTIDO DE ALGO. Assim pois, o ritmo não é exclusivamente uma medida vazia de conteúdo e sim uma direção, um sentido. O ritmo não é medida, e sim TEMPO ORIGINAL  




O ritmo não é medida: é visão de mundo…



Graças ao ritmo percebemos essa universal correspondência; melhor dizendo, essa correspondência não é senão manifestação do ritmo. Voltar ao ritmo envolve uma mudança de atitude frente á realidade; adotar o princípio de analogia, significa regressar ao ritmo.



el poeta romántico proclama el triunfo de la imagen sobre el concepto, y el triunfo de la analogía sobre el pensamiento lógico.

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Octavio Paz, El arco y la lira



(...)



Porque escrevo isto? Não tenho ideias claras, nem sequer tenho ideias. Há redemoinhos, impulsos, bloqueios, e tudo isso busca uma forma, então entra em jogo o ritmo e eu escrevo dentro desse ritmo, escrevo por ele, movido por ele e não por isso que chamam de pensamento e que faz a prosa, literária ou outra. Há primeiro uma situação confusa, que só pode definir-se numa erupção de palavras; dessa penumbra parto, e se o que quero dizer (se o que quer DIZER-SE) tem suficiente força, imediatamente se inicia o...

 ·

Cortázar.


(...)

...o relâmpago de conexão elétrica entre o cérebro e as estrelas, a VOZ e a LUZ.





Post Scriptum



. Pero es Dios,
difundiéndose en todo, quien hace todo una unidad.
(...)



Samuel Taylor Coleridge





Post Scriptum



Tu moldeas mi esperanza, vestida en mi interior;
Liderando todas mis palpitaciones, fluyendo en mi respiración.
Tu yaces en mis muchos pensamientos, como la luz,
Como la dulce luz del crepúsculo,
O la visión anticipada del verano rompiendo en el arroyo,
Nubes reflejadas en un lago.
Y mirando hacia el cielo que se arquea sobre ti,
Muy a menudo, bendigo al dios que me ha hecho amarte así.

Samuel Taylor Coleridge (1772-1834)



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