terça-feira, 26 de março de 2013

SIMBOLISMO LITERÁRIO

Ananda Coomaraswamy

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O simbolismo adequado pode definir-se como a representação de uma realidade de um certo nível de referência por uma realidade correspondente de outro: como, por exemplo, em Dante ''Nenhum objeto dos sentidos, na totalidade do mundo, é mais digno de ser feito um simbolo de Deus que o SOL'' ( Convito III.12 ).  Nada suporá que Dante foi o primeiro a considerar o SOL  como um s´imbolo adequado de DEUS. Mas não há erro mais comum que atribuir a uma ''imaginação poética'' individual o uso do que são realmente os símbolos e os termos técnicos tradicionais de uma linguagem espiritual que transcende toda confusão de línguas e que não é peculiar de nenhum tempo ou lugar. Por exemplo ''uma rosa, qualquer que seja seu nome (seja em inglês ou cantonês), perfumará sempre bem'', ou considerada como um símbolo pode ter um sentido constante; mas que isso seja assim depende da aceitação de que há rrealmente ''realidades análogas'' sobre níveis de referencia diferentes; o que equivale a dizer que o mundo é uma teofania explícita, ''como é em cima, é em baixo'' (HERMES). Em outras palavras, os símbolos tradicionais não são ''convencionais'' mas ''se dão'' com as idéias a que correspondem; de modo que se faz uma distinção entre o simbolismo que SABE  e o simbolismo que BUSCA, no que toca ao primeiro trata-se de u ma linguagem da Tradição Universal, e a segunda dos poetas individuais e auto-expressivos a que as vezes se chamou de ''poetas simbolistas''

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O problema se apresenta ao hisotriador da literatura em conexão com as sequencias estilisiticas do mito, da épica, do romance, danovela e da poesia modernas, quando, como acontece direto, encontra epísódios ou frases recorrentes, e similarmente em conexão com algum FOLKLORE. Um erro muito comum é supor que a forma ''VERDADEIRA'' ou ''original'' de uma história dada pode reconstruir-se por uma eliminação de seus elementos milagrosos e supostamente fantásticos ou poéticos. Sem embargo, é precisamente nestas ''maravilhas'', por exemplo nos milagres da Escritura Sagrada, onde se encontram inerentes as verdades mais profundas da legenda; a filosofia, como ensina Platão -a quem Aristóteles seguia neste respeito -nasce na ''maravilha'' ou ''da admiração''. O leitor que aprendeu a pensar em termos dos simbolismos tradicionais se encontrará provido de meios de compreensão, crítica e deletação analógica insuspeitados, e de um modelo hermenêutico (interpretativo) que pode distinguir entre a fantasia individual de um escritor e o uso exato das fórmulas tradicionais por um cantor (poeta) instruídos na tradição. Pode chegar a compreender que nao existe nenhuma conexão entre a NOVIDADE  e a PROFUNDIDADE;


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Assim, quando William Blake escreve ''Eu te dou a ponta de uma corda de ouro, Apenas enrole ela numa bola; Ela te conduzirá á porta do Céu, Construída na muralha de Jerusalém'', ele não está usando uma terminologia privada e sim uma terminalogia cujo rastro podemos seguir mesmo antes da EUROPA e segui-la através de DANTE  ''questi la terra in s? stringe'' (Paradiso I.116 ), dos EVANGELHOS ''Ningún hombre viene a mí, excepto que el Padre… tire de él», San Juan 6:44, cf. 12:32 ), de FÍLON, y e de PLATÃO ( con sua «única corda de ouro» a que nós, as marionetes humanas, devemos agarrarnos e pelas quais devemos ser guiados, Leis 644), até HOMERO, onde Zeus pode tirar tudo de todas as coisas e até a si mesmo por meio de uma corda de ouro( Ilíada VIII.18 sigs., cf. Platón, Teeteto 153 ). E não é só na Europa onde o simbolismo do ''fio de ouro'' foi corrente por mais de dois milênios; tal simbolismo tbm se encontra presente em simbolismos islâmicos, hindus e chineses. Assim, lemos em  Shams-i-Tabriz, «ELE me deu a ponta de um fio.… “Tira”, disse “para que eu possa tirar: e cuida para que ele não se rompa com a ação”», e em Hafiz, «guarda sua ponta do fio, para que ELE guarde sua ponta''; no Shatapatha Brahmana, esse SOL  é o nó ao qual todas as coisas estão atadas pelo fio do espírito, mientras que no Maitri Upanishad a exaltação do contemplativo se compara á subida de uma aranha pelo fio de sua teia; Chuang Tzsé nos diz que nossa vida está suspensa por Deus como se fosse um fio, que se corta quando morremos. Tudo isso se relaciona com o simbolismo do tecido e do bordado, os ''jogos de cordas entrelaççadas'', o cordel, a pesca com rede e a caça com laço; e com o simbolismo do terço, rosário e colar, pois, como nos recorda o Bagavad Gita ''todas as coisas estão entrelaçãdas com ELE  como se fossem fileiras de pérolas em um fio''


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Muitos dos termos do pensamento tradicional sobrevivem como clichês em nossa linguagem do dia a dia e na literatura contemporanea, onde, como outras ''supertições'', já não tem significado real nenhum para nós. Assim, nós falamos de um ''DISCURSO BRILHANTE'' ou de uma ''INVENÇÃO BRILHANTE'', sem a menor consciencia de que tais frases se apoiam em uma concepção original da coincidencia de LUZ Y SOM (INDRA Y AGNI), e de uma ''LUZ INTELECTUAL''  que brilha em toda imaginação adequada; usamos uma única palavra ''beam'' (''raio'') em seus dois sentidos de 'raio' e de ''viga ou radio'' sem nos darmos conta que estes são sentidos conexos, que coincidem na expressão ''rubus igneus'', e que nós estamos aqui ''no rastro de '' (esta mesma expressão é outra que, como ''acertar de olhos fechados'' é de uma antiguidade PRÉ-HISTÓRICA)  uma concepção original de imanência do FOGO na ''madeira'' de que está feito o mundo. Dizemos que ''ME DISSE UM PASSARINHO'' sem refletir que a ''LINGUAGEM DOS PÁSSAROS'' é uma referência explícita á ''COMUNICAÇÃO TELEPÁTICA''.  Para comprender las antiguas literaturas no debemos pasar por alto la precisión con la que se emplean todas estas expresiones; o, si nosotros mismos escribimos, podemos aprender a hacerlo más claramente ( aquí nos encontramos nuevamente con la coincidencia de la «luz» y del «significado - puesto que «argumentar» es etimológicamente «clarificar» ) y más inteligiblemente.
 

http://portalpineal.blogspot.com.br/2012/08/a-linguagem-dos-passaros-rene-guenon.html
 

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Quien quiere comprender el significado real de estas figuras de pensamiento, que no son meramente figuras de lenguaje, debe haber estudiado las vastas literaturas de muchos países en las que se explican los significados de los símbolos, y debe haber aprendido él mismo a pensar en estos términos. Sólo cuando se encuentra que un símbolo dado - por ejemplo, el número «siete» ( siete mares, siete cielos, siete mundos, siete mociones, siete dones, siete rayos, siete soplos, etc. ), o las nociones de «polvo», «vaina», «nudo», «eje», «espejo», «puente», «barco», «cuerda», «aguja», «escala», etc. - tiene una serie de valores genéricamente consistente en una serie de contextos inteligibles ampliamente distribuidos en el tiempo y en el espacio, uno puede «leer» con seguridad su significado en otras partes, y reconocer la estratificación de las secuencias literarias por medio de las figuras usadas en ellos. Es en este lenguaje universal, y universalmente inteligible, donde se han expresado las verdades más altas.

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