sexta-feira, 6 de setembro de 2013

A compreensão do inconsciente vai além de toda cognição

 
 
Assim como a atividade psíquica consciente pode criar mecanismos defensivos, inconscientemente nossa atividade psíquica produz sonhos, fantasias, etc. Um sonho que se nos apresenta não é criado conscientemente, apesar de termos consciência de sua percepção e mesmo reprodução. O sonho continua sendo uma fonte de atividade criativa inconsciente (CW 6 - p485).
 
"... O inconsciente tem uma função compensatória à consciência, mas especularmos o que o inconsciente é em si, pode ser uma atitude estéril ... Por sua própria natureza, a compreensão do inconsciente vai além de toda nossa cognição e o que conseguimos, apenas, é ter acesso aos produtos do inconsciente, tais como os sonhos e fantasias, mas não temos acesso ao inconsciente em si. Um fato cientificamente comprovado é que os sonhos, por exemplo, quase sempre têm um conteúdo que pode aliviar e corrigir a atitude da consciência. Por isso falamos da função compensatória do inconsciente " (CW 6 - P520).
 

Para Jung, os instintos e os arquétipos formam o chamado inconsciente coletivo. Coletivo porque, ao contrário do inconsciente pessoal, este tipo de inconsciente não tem características únicas e individuais, mas ocorrência universal, regular e coletiva. Tal como acontece com os instintos, o inconsciente coletivo é um fenômeno comum a toda a humanidade para Jung . Ele defende a idéia de que as imagens do inconsciente coletivo e os arquétipos são a origem e composição dos "grandes sonhos".

Jung atribui aos arquétipos as mesmas qualidades fisiológicas dos instintos, portanto, são fenômenos comuns à toda humanidade. Tal aspecto universal explicaria, para Jung, ter encontrado as mesmas similaridades mitológicas (arquetípicas) nos sonhos de seus pacientes em Basileia, na Suíça, e os aborígines na Austrália. Encontrou ainda as mesmas semelhanças dos sonhos entre os afro-americanos e os europeus arianos, e da mesma forma entre os loucos e os não loucos.

É importante ressaltar que, do ponto de vista junguiano, existem cinco grupos principais de fatores instintivos, a fome, a sexualidade, a criatividade, a atividade e a reflexão, sendo esta última de natureza cultural por excelência (P CW8 114).

Segundo Jung, "se o inconsciente coletivo não existisse, tudo poderia ser alcançado através da educação; esta poderia reduzir um ser humano a uma máquina psíquica com a impunidade, ou transformá-lo em um ideal" (CW8 P373). Em última análise, o inconsciente coletivo seria um depositário do mundo, da existência humana, estaria inserido na estrutura do cérebro e do sistema nervoso simpático (CW8 P373).

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