segunda-feira, 21 de outubro de 2013

EQUAÇÃO-TÓXICA (8)

Eu permaneci dentro do quarto dela deitado ao longo de toda a reunião do grupo de trabalho lá embaixo, nem na janela eu fui para fumar, tampouco estive ocupado com nenhum tipo de meditação. Nunca gostei de meditar depois de fazer amor, mesmo porque sempre tive na conta de algo improdutivo: os resultados mais rentáveis da meditação dependem de uma prévia e bem calculada concentração de energias e não de uma simples performance, e a energia sexual é sabidamente a mais poderosa de todas, assim que eu já era consciente desse teorema energético desde a adolescência, em função das noções de práticas energéticas colhidas nos livros de Carlos Castaneda. Na cama, eu a ouvia vagamente falando lá embaixo entre os membros do grupo de trabalho. Ela era graciosa falando, displiscente e de certa forma superior á tudo aquilo ao mesmo tempo. Naquela altura da vida, já não tinha grilo de espécie alguma para abordar fosse qual fosse o assunto: controverso, polêmico, constrangedor (como o tema da acumulação de energia sexual), eu sabia que em momento algum ela sentiria aquele bolo de medo e apreensão na boca do estômago que impede a maioria das pessoas de tratarem abertamente dos temas mais espinhosos do trabalho sobre si mesmo, tais como vida sexual e consumo de plantas de poder. Sentia um refinado amor á ela, fidelidade á ela. Fidelidade errada, talvez. Fidelidade espiritual, então. Aos poucos, uma amante vai se tornando esposa dentro da sua cabeça. Má idéia. Ajeite-se com o que você tem, Jack. O espaço dentro dela é completamente indetermidado, o espaço dentro de mim é granular, volátil e movediço: junte os dois e eu não sei o que dá direito. Ajeite-se como que tem, Jack. Me parecia que sempre faltava uma indispensável conexão entre os fenômenos para chegar á alguma coisa sólida e estabelecida. Só havia o quarto dela. Tudo ficava naquele quarto. O quarto cobre tudo. Eu sou o quarto, eu cubro tudo. A natureza se encarrega de moer o resto, fina, como sempre fina, sementes e pagas ao léu. A natureza mói o resto. No quarto, naquele momento, eu me sentia submerso em sombras psíquicas e correntes submarinas, enquanto ela lá embaixo estava á tona, deliberadamente á tona, discursiva e flutuante em meio ao fluxo de idéias e palavras que jorravam de todos os lados. A reunião do grupo de trabalho tinha terminado e as pessoas se espalharam em volta da piscina em pequenos grupos falantes. Eu me levantei da cama, tomei um banho e me preparei para descer, disposto a ouvir um pouco do que os hermanos toltecas do México tinham para contar. Em todo caso, não esperava muito, nunca esperei muito do conhecimento alheio transformado em palavras porque tinha a íntima convicção de que os aspectos fundamentais do trabalho sobre si mesmo são incomunicáveis e extremamente pessoais. Saí pela porta do quarto com toda cautela, me certificando antes de que não havia ninguém no corredor para me flagrar. Desci as escadas segurando uma vassoura que encontrei pelo caminho, como um hálibi convincente. Carmen e o trio de garotas que tínhamos visto pela janela do quarto de tarde estavam sentadas no sofá da sala de televisão, conversando animadamente. Não me viram. Saí pela porta de entrada da pousada e a varanda estava tomada de gente. Dei boa noite a um ou outro com que ia trombando, sem saber direito quem eram, até que cheguei no gramado e comecei a recolher alguns copos descartáveis caídos no chão. As mesas na beira da piscina estavam repletas de restos mortais de lanches e drinks. Dessa vez, ia sobrar tudo para mim. Acendi um cigarro e contemplei mais uma vez aquele cenário desanimador. As pessoas ainda bebiam em volta da piscina e ela estava conversando com os daimistas brasileiros e toltecayotls mexicanos. - Certamente, tem a finalidade de proporcionar uma maior evasão extática, mas não é fácil manipular habilmente uma planta tão poderosa quanto a ayahuasca(...), Juan, um dos mexicanos, disse inopinadamente para um dos daimistas. Ele parecia um índio yaqui como Don Juan Mattus, forte e moreno. Sua namorada, Vitória, estava ao seu lado e saiu de perto assim que ele começou a falar. O resto do grupo estava conversando com ela sobre outra coisa a um metro de distância. - De qualquer jeito, ainda que se dê de forma ainda muito negativa e sem instrução, a difusão crescente de drogas entre a juventude de hoje é um fenômeno muito significativo. O completo fracasso do proibicionismo se deve, na minha opinião, á ignorância com que o tema das drogas é abordado atualmente pelos legisladores do mundo burguês e ao baixo nível cultural dos mesmos, na idéia medíocre de liberdade que reina no seio das nossas democracias fajutas e corruptas(...) - um dos daimistas brasileiros respondeu, era um homem alto e magro, de testa proeminente e feições romanas, contando uns quarenta e poucos anos. Ele continuou: - Adimitindo inclusive o fato de que o uso de entorpecentes leva muitos dos adictos ao transtorno, não compreendo com que direito a sociedade poderia se opor á eles, pois da única coisa que os legisladores deveriam se ocupar é dos seus efeitos sobre terceiros. Juan comentou logo depois que ele terminou de falar: - Concordo com você em linhas gerais, Júlio. Como praticante de nagualismo, não sou alheio á questão das plantas de poder. O nagualismo é similiar á outros sistemas porque orienta o praticante á buscar informação ''dentro de si mesmo''. É como uma velha fórmula de autotransformação e poder espiritual que remonta aos primórdios de todo o xamanismo. Mas sei que no embalo do nagualismo surgiu um sub-caminho obscuro derivado diretamente do consumo de plantas de poder. No México chamamos de ''Camino Rojo'' e é uma prática de altíssimo risco, pois busca encurtar um caminho de desenvolvimento gradual que não deve ser encurtado de forma alguma. Usa drogas alucinógenas como o Peyote e a Erva de São Pedro, uma das dez drogas consideras como mais perigosas e adictivas(.), Júlio interrompeu Juan nessa altura do diálogo e interpôs: - É a mesma coisa que acontece com a música sincopada, destinada a provocar transes no praticante. Meios utilizados em sua origem como facilitadores de aberturas ao supra-sensível ou extra-sensorial no curso de uma iniciação regular, são subitamente aplicados a um contexto mundano e alienado. Assim como as danças das haves derivam das antigas danças extáticas, os entorpecentes urbanos de hoje em dia correspondem ás drogas naturais que os povos primitivos empregavam com finalidade ''sagrada'' em suas tradições milenares. É muita ignorância não se levar esse fato em conta, mas a República Livre dos Tabaréus não possui a mínima abertura para um diálogo de alto nível cultural. Essa é a verdade(...), Juan pareceu concordar, mas retomou sua fala no ponto exato em que tinha sido interrompido: - Para perceber outras realidades, o nagualismo se vale de meios mais seguros e eficientes, tais como um implacável controle mental na vida cotidiana, a depuração sistemática das emoções negativas, a supressão total de qualquer classe de julgamentos sobre condutas próprias ou alheias, a eliminação dos egos da personalidade, que sempre se ocultam nos ângulos cegos da mente, assim como uma perfeita atenção sobre se a Consciência está dirigida ao exterior ou ao interior e a constante concentração de energia, entre elas e uma das mais importantes A ENERGIA SEXUAL, que se recanaliza e se converte em ENERGIA-CONSCIÊNCIA. Esse é o verdadeiro e genuíno nagualismo original asteca, o Camino Rojo é uma degeneração posterior que já produziu inumeráveis vítimas, que ignorando que sem uma depuração prévia muito adequada e qualificada, o contato prematuro com energias sutis e poderosas produz apenas transtornos em um personalidade impura e sem direção(...), Juan concluiu categoricamente e eu, juntando os entulhos numa mesa ao lado dos dois, agora esperava uma réplica ainda mais inflamada e apaixonada de Júlio, embora concordasse com o que Juan tinha acabado de dizer em gênero, número e grau. E a réplica de Júlio veio caudalosa, como eu imaginei: - Claro, claro. Mas não faz sentido abordar casos de transtorno provocados pelo consumo de plantas de poder dentro do contexto tradicional, o próprio Don Juan Mattus se valeu delas com Carlos Castaneda, como você bem sabe. E isso, além do mais, pode e deve ser extendido á todas elas, como o tabaco empregado pelos Índios da América Central para preparar psicologicamente os aprendizes que deviam se retirar da vida durante um certo tempo com o objetivo de terem ''signos'' e ''visões'' . Em certa medida, pode-se dizer o mesmo do álcool: se conhece a tradição das ''beberagens sagradas'' entre os gregos antigos e a utilização do álcool nos cultos dionisíacos e outras correntes similares. O antigo taoísmo não proibia em nada as bebidas alcóolicas, que consideram inclusive como ''extratos de vida'' que conduziam a um ''estado de inspiração''. Os extratos de coca, mescalina, peyote e outros integram ainda hoje grande parte do ritual de sociedades secretas na América Central e do Sul, e nada têm haver com o Camino Rojo de que voce falou(.) , Juan concordou, abriu um sorriso de quem tinha acabado de lançar uma provocação no ar e provocou Júlio um pouco mais na sequência: - O que eu quiz dizer foi só que a falta de instrução apropriada conduz o aprendiz a estimular de tal forma o lado obscuro do seu ser que em pouco tempo não podem senão acabar na mais completa loucura e enfermidade, produzindo na sequencia uma morte prematura. Mais próximos de um demônio que de um anjo. Essa foi a razão pela qual Don Juan Matus advertia Castaneda sobre o enorme perigo com que lidaram seus antecessores, acabando por cairem presos á práticas de magia negra com inorgânicos para aumentar o poder que tinham sobre seus semelhantes. "Mescalito mata !!", Don Juan disse várias vezes á Castaneda(. ). , quem riu agora foi Júlio, percebendo a insistência de Juan em abordar o lado obscuro do consumo das plantas de poder. Continuou falando calmamente: - Na atualidade não existem idéias claras e precisas sobre tudo isso, porque fora de um contexto tradicional não se leva em conta o fato de que os efeitos dessas substâncias variam muito segundo a constituição e a capacidade de reação de cada pessoa. Meu xará, o Barão Julius Evola, falou com extrema propriedade sobre a existência de uma EQUAÇÃO-TÓXICA, diferente para cada pessoa, mas não se deu, ao longo do tempo, atenção necessária á essa noção. De fato, a EQUAÇÃO-PESSOAL deveria ser levada em conta porque, como já reconheceram cientificamente a maioria dos patologistas e neurologistas, a maioria dos casos graves de transtornos causados pelo consumo de entorpecentes, o uso da droga é menos uma causa do que um sintoma de uma profunda alteração, de um estado de crise interna ou neurose. Em outras palavras, é uma situação psíquica existencial negativa que precede e independe do uso da droga, e que induz ao consumo da droga como solução efêmera e desesperada(.), Júlio serviu-se de um drink com uma garrafa de gim que estava do lado deles, numa mesa, e esperou o troco de Juan com serena indulgência. Os dois aparentemente estavam gostando de trocar aquelas sutis farpas e saudáveis provocações. Juan retomou a palavra um pouco mais agressivo agora: - Mas o obscuro caminho desses Caballeros Rojos não tem nada haver com o nagualismo, ainda que muito se diga em nosso meio para confundi-los de propósito. Acabam todos convertendo-se em escravos psíquicos do mezcal, da ayahuasca, da Erva de São Pedro e outros enteógenos, cuja periculosidade lhes colocam em destaque na famosa lista de Drogas Duras proibidas pela Organização Mundial de Saúde (O.M.S). Além do mais, é sabido que falsos mestres e gurus usam essas drogas para debilitar a vontade dos seus seguidores e a percepção da realidade em volta deles e assim dominá-los psicologicamente. Como consequencia, os defeitos da personalidade preexistentes se multiplicam de forma exponencial: um indivíduo que era antes ligeiramente rancoroso se torna um sujeito com um profundo ódio inumano ardendo dentro do peito; um que tinha uma excessiva tendência ao sexo, se converte em um sátiro descontrolado; outro que era um pouco metido e presunçoso, a soberba faz dele uma criatura que ninguém mais suporta e acaba na solidão total. Conheço muitos casos de gente assim, nosso antigo grupo, inclusive, se desintegrou por causa de pessoas que passaram por esse tipo de transformação, por isso insisto um pouco em bater nessa tecla: porque vi essas catástofres humanas de perto. Essas pessoas dificilmente conseguem sair de dentro desse caos depois, a não ser com ajuda espiritual externa muito qualificada(...), Júlio compreendeu os motivos da insistência de Juan sobre esse ponto, mas voltou com a elegante idéia da ''equação-tóxica'': - Mas para retomar o que dizia sobre a EQUAÇÃO-PESSOAL e a zona específica sobre que vão atuar os enteógenos, é claro que sem a devida preparação e instrução eles produzirão uma alienação completa, uma ABERTURA PASSIVA á estados que dão a ilusão de uma certa liberdade superior, de uma embriaguez e uma intensidade desconhecida das sensações, mas que em última instância têm um CARÁTER DISSOLVENTE e que de forma alguma leva a pessoa á ''OUTRO PLANO''. Para esperar de experiências com plantas de poder resultados espituais satisfatórios faria falta um grau excepcional de atividade espiritual prévia e ter uma atitude contrária á da pessoa que busca e necessita das drogas como válvula de escape para tensões, neuroses e traumas pessoais, ou ao sentimento de vazio existencial. Para que haja um resultado espiritual genuíno, é necessario uma RESPOSTA ATIVA de todo o SER da pessoa, mas uma reação desse tipo não ocorre quase nunca, mesmo no Santo Daime, eu adimito. A ação da ayahuasca é demasiadamente forte, brusca, imprevista e externa, o que dificulta muito o controle mental e a possibilidade de uma RESPOSTA ATIVA. É como se uma poderosa corrente se introduzisse na consciência da pessoa e que só restasse á essa dar-se conta de que mudou de estado sem poder atuar conscientemente sobre tal estado. É necessário uma tonelada de energia psíquica e habilidade mental prática para se controlar uma mudança de velocidade consciencial dessa magnitude, e a maioria dos praticantes fica limitada ao simples consumo periódico, sem fazer o rastreamento energético no dia a dia. E dessa forma, todos submergem no estado alterado de consciência como se estivessem sendo arrastados por uma correnteza enfurecida. O resultado disso é um mero desfalecimento mental, uma lesão espiritual, apesar de muitos voltarem dos transes com a impressão de uma vivência exaltada, beatitudes psicodélicas e volúpias transcendentes. Eu admito(...), com isso Júlio parecia ter deposto as armas, diante da insistência de Juan de ressaltar o pouco efetivo que tem sido no mundo o consumo de plantas de poder com finalidades espirituais. Juan aproveitou esse último gancho para enriquecer um pouco a perspectiva que Júlio tinha acabado de reconhecer: - O objetivo do nagualismo genuíno era obter a chamada TERCEIRA ATENÇÃO, na qual o sujeito e o objeto se fundem, depois de uma larga e dura prática de fortalecimento da ATENÇÃO, do INTENTO, da ESPREITA, do SONHOS LÚCIDOS, do SILÊNCIO MENTAL e da extinção da IMPORTÂNCIA PESSOAL. Trabalho árduo, em outras palavras(...), Júlio assentiu, não parecia de forma alguma alheio ao nagualismo de Juan, pelo contrário, parecia conhecer profundamente os princípios do xamanismo tolteca: - Para que o processo siga um curso ascendente, seria necessário que no exato momento em que a droga libere uma energia X de forma exterior, uma RESPOSTA ATIVA DO SER introduzisse subitamente na correnteza do estado alterado de consciência uma energia dobrada e a mantivesse sob controle até o final. De forma idêntica á onda que golpea um nadador hábil, poderia ser utilizada também para tomar impulso e supera-la. Então não haveria desfalecimento, o negativo seria transformado em positivo, o PASSIVO em ATIVO, a experiência do estado alterado de consciência estaria descondicionada e não desembocaria numa dissolução extática, desprovida de toda verdadeira abertura mais além do mundo físico, que só se alimenta de sensações flutuantes. Seria, ao contrário, possível, em certos casos, chegar ao contato genuíno com uma dimensão superior da realidade(.), - para mim, com aquilo Júlio finalizava a questão com uma verdadeira chave de ouro, e assim como eu Juan reconheceu a magnitude do desfecho daquela conversa com dois tampinhas nos ombros de Júlio, exclamando: - BRAVO(!), e logo depois foi para perto de sua namorada, Vitória, que estava agora conversando com ela e o resto dos mexicanos e daimistas na beira da piscina, todos conversando animadamente com drinks nas mãos. Olhei para ela e enquanto Vitória falava alguma coisa que eu não entendia por causado sotaque, os lábios dela faziam aquele barulho impercep´tivel, secreto e úmido que só eu conhecia. Depois, enquanto eu enfileirava cadeiras vazias ao lado dos quiosques, ela continuou falando com um pouco de hesitação, já meio alta com o gim, como se a procura das palavras fosse dificultada por um florecimento de coisas invisíveis dentro de sua mente. Suas pálbebras estavam rosadas, em função do sol prolongado pela manhã durante a corrida. Sua blusa de malha azul turquesa mudava ligeiramente de tom quando contornava a curva dos seu seios. O decote na blusa mostrava um retalho de carne bronzeada, e quando ela se movia, a frente do seu corpo era como uma vibração elétrica de sombras. Voltei a sentir que a amava, pensando no que ela tinha dito sobre seu ex-marido de tarde, no quarto. Ela tinha medo de que sua vida se transformasse naquela sequência monótona de pequenas e tristes despedidas entre casais amigos no fim de semana, a crônica tristeza dos fins de tarde dos Sábados e Domingos pequeno-burgueses, quando os casais já haviam esgotado o seu divertimento, futebol, praia, tênis, conversas sobre política e trabalho e intermináveis doses de whisky entre os homens, temor de se tornar uma daquelas mulheres cuja idéia de suscesso e felicidade mais ambiciosa era a de se olhar no espelho e reconhecer-se como uma gorda alegre e endinheirada, quando a noite começava a pesar sobre todos indistintamente, uma noite sem divertimentos, passada entre as lâmpadas vacilantes de um apartamento de luxo, em meio á crianças irritadiças e restos de comida japonesa, com o importuno jornal do marido lido sem vontade, falando de portentos cansados e atrocidades, uma noite em que as pessoas casadas se fechavam dentro de si mesmas como flores longe do sol, uma noite que dava como uma janela empoeirada para a Segunda-feira e para a longa semana onde teriam todos que desempenhar seus papéis de trabalhadores, corretores, dentistas, engenheiros e psiquiatras, de mães de família e donas de casa, de adultos que não eram os convidados e sim os hospedeiros do mundo. E ali, conversando animadamente com seus convidados e tendo a mim á sua inteira disposição para quando quisesse, ela parecia se sentir liberada para algo maior. Perdoada, comovida e abraçada por alguma coisa amorosa vinda de grande distância dentro do Cosmos, imaginando no fundo de cada palavra displicente que pronunciava uma filosofia de vida mais verdadeira e uma vida noturna latejante dentro do sonho de cada noite. Ela me parecia feliz e á salvo de tudo aquilo que temia anteriormente.

(continua)


KALKI-MAITREYA

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